terça-feira, 23 de setembro de 2008

Na passagem por Rouen algumas quase conclusões.

Bonjour Brasil!

Estamos quase chegando à parte final da nossa expedição pelas águas do Rio Sena, desde a nascente nas montanhas da Borgonha até a foz no Oceano Atlântico, na Normandia.

Depois de deixar Paris, chegamos a Rouen, cidade que hospeda o porto graneleiro mais importante do mundo. Mesmo estando 140 km distante do mar, são navios marítimos que sobem o Rio Sena para chegar até Rouen.

Fomos novamente muito bem recebidos pela Agência de Água Seine-Normandie (AESN), cuja equipe regional Seine Aval é dirigida pelo Sr. Remy Filali. A Agência reuniu parte de sua equipe de dirigentes e especialistas para nos guiar num cruzeiro de mais de três horas pelas águas do Sena na região do Porto Autônomo de Rouen.

Ao mesmo tempo em que fazemos nossas observações sobre os aspectos mais importantes da bacia a sobre a qualidade das águas do Sena, não deixamos secretamente de nos impressionar com o respeito que a Agência de Água Seine-Normandie tem demonstrado pelo nosso trabalho.

Mais tarde eles nos disseram estar impressionados com o esforço da nossa equipe, que mesmo sendo uma organização não-governamental brasileira, decidiu bancar os custos de passagem, hospedagem, alimentação, transporte e combustível, para realizar este trabalho inédito de percorrer todo o trajeto do Sena, filmando, fotografando e recolhendo informações sobre o modelo de administração de recursos hídricos adotado na França.

O reconhecimento da importância da nossa expedição, feito por estas autoridades do governo francês, tem nos estimulado a melhorar ainda mais a qualidade das nossas observações.

Saímos do Brasil como representantes de nós mesmos e aqui, de repente, nos descobrimos representantes da sociedade brasileira, do país que detém as maiores reservas de água doce do planeta.

É como se fossemos uma equipe especialmente enviada pela nação brasileira com o propósito de verificar se o sistema francês de gestão de recursos hídricos deve mesmo servir de inspiração para o nosso país. Por não sermos membros do governo, talvez nós sejamos mesmo a equipe ideal. Nossa opinião pode ser manifestada com imparcialidade.

E o que nós vimos aqui nos deixa muito esperançosos! O sistema funciona, e funciona bem. Alguns problemas, é claro, persistem, mas estão sendo combatidos com ciência e dinheiro.

Existe uma opinião um pouco difundida aí no Brasil de que se o sistema francês funcionasse mesmo, durante o verão parisiense, as pessoas tomariam banho no próprio Rio Sena e não em chuveiros instalados nas margens, em praias artificiais.

Agora, depois de realizar esta fantástica descida do Rio Sena, podemos responder a esta questão com uma outra pergunta: Será que este é um critério válido para analisar toda a complexidade de uma política de recursos hídricos? Será que não estamos usando como critério os hábitos brasileiros para julgar o acerto da administração das águas na França?
È uma questão que com certeza vamos repercutir ao chegar ao Brasil.

Bem, depois de visitar o Porto de Rouen, fomos convidados a conhecer um interessante sistema de escada de peixes que hoje existe na Barragem de Poses, situada um pouco acima de Rouen. Para os peixes migradores que vem do Oceano Atlântico e sobem o Sena para desovar, a Barragem de Poses sempre foi o primeiro obstáculo intransponível criado pelo homem.

Depois de 102 anos de obstrução, há cinco anos atrás foi construído um sistema de escadas que permite a passagem dos peixes. Desde o ano passado, entretanto, o sistema conta com uma inovação genial: um conjunto de câmeras que filma e faz a contagem de todos os peixes e identifica as espécies que passam pela barragem. Durante a nossa permanência na Barragem pudemos flagrar o momento em que inúmeros peixes eram gravados pelas câmeras.

A idéia dos organizadores é testar a possibilidade de estender o mesmo sistema para as demais barragens existentes no Sena.

Chegou a hora das despedidas de hoje. Estamos quase no final da nossa jornada. Amanhã tem o último pedaço do Sena a ser percorrido.

Au revoir Brasil!

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