sábado, 20 de setembro de 2008

A fraternidade do Sena

Bonjour Brasil!

Em nosso último contato ficou a promessa de voltar no dia seguinte. Pois bem, o dia seguinte é hoje. Só agora conseguimos acesso à internet para publicar as informações e imagens colhidas durante esta fantástica viagem em busca de um rio em recuperação.

Sim, a Descida do Sena quer saber como a sociedade francesa se preparou ao longo dos últimos 44 anos para livrar da poluição um dos seus mais importantes patrimônios naturais. E para saber isso, nada como fazer o percurso integral do rio. Ir lá na fonte e beber da primeira água. Fazer o seu trajeto de cerca de 850 km em direção ao mar.

No caminho, vamos entendendo o porquê de tantas cidades, fazendas e indústrias construídas às margens do Sena. Ele e seus afluentes são os grandes provedores desta imensa bacia de cerca de 100 mil km².

Atendendo a 17 milhões de habitantes, perto de ¼ da população da França, e sendo responsável por 1/3 de toda a produção agrícola e industrial do país e por metade de seu tráfego fluvial, o Sena ia acabar recebendo mesmo uma carga muito grande resíduos. Isso não é novidade. A grande surpresa é que a França foi à luta em defesa de seus rios e a diferença já pode ser facilmente sentida.

Entrevistamos até agora inúmeros pescadores às margens do Sena e rigorosamente todos afirmaram que, de aproximadamente 15 anos para cá, a quantidade, o tamanho e a variedade dos peixes aumentou bastante.

Outra grata surpresa tem sido a receptividade do cidadão francês, especialmente o habitante do campo, e a sincera simpatia que sentem pelo Brasil. Os agricultores, em geral, mesmo quando vivem mais distanciados dos centros urbanos, demonstram ter boas condições materiais e financeiras de plantar e de escoar sua produção.

No dia 09 de setembro, guiados pelo Sr. Guy Dollat, Prefeito da bela vila de Perigny-la-Rose, subimos de barco à motor um belíssimo trecho do Sena, coberto por mata ciliar e cheio de vida selvagem. Mas, qual não foi a nossa surpresa ao ver que logo ali ao lado estava a central nuclear de Nogent-sur-Seine, local que imaginávamos bloqueado à navegação devido a questões de segurança.

Alguns quilômetros rio acima fica a cidade de Marnay-sur-Seine, que apesar de pequena sedia um Jardim Botânico de dimensões e feições bastante arrojadas. O autor da bela obra é o artista e arquiteto Didier Rousseau, um visionário apaixonado pelo trabalho do brasileiro Roberto Burle Marx. Um busto em homenagem ao arquiteto brasileiro feito de plantas ornamenta a entrada do Jardim Botânico.

A cada dia e a cada quilômetro de rio deixado para trás, novas amizades vão se formando. São pessoas que, aqui do outro lado do Atlântico, orientam suas vidas de um modo bastante semelhante ao nosso, dedicando uma parte generosa de seu tempo para defender as águas, a natureza e o homem.

Nessa hora as diferenças de nacionalidade cedem espaço a uma fraternidade estabelecida num plano muito superior, que unifica os homens e que os mantém ligados a objetivos universais.

Voltamos em breve.


Boa noite Brasil!

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