quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Congresso Mundial da Água está pegando fogo

Bonjour Brasil!

A Babel da água está reunida aqui em Montpellier, sul da França. Várias línguas, vários povos, um mesmo propósito.

O tema do Congresso é Mudanças Globais e Recursos Hídricos: face a pressões mais numerosas e diversificadas.

O desafio é mundial. Todos sabem da gravidade da situação da água no mundo. Os estoques são muito modestos quando comparados às demandas, que são crescentes. As soluções, apesar das variações locais, apontam para os mesmos caminhos. Diminuir o consumo, zerar o desperdício, melhorar a gestão para levar água e esgoto a quem ainda não possui.

Ali mesmo no site do Instituto Ecobacia está a informação apresentada pela ONU de que “em 2025, cerca de 2,43 bilhões de pessoas estarão sem acesso à água” (
http://www.ecobacia.org/agua_estoques.php)

O Brasil, como se sabe, não fica fora desta discussão. Por ser o país que detém as maiores reservas de água potável do planeta, recebe por um lado a atenção e por outro a cobiça de muitos países.


E o Brasil está aqui em Montpellier. Há uma comitiva numerosa vinda de Pernambuco, não só para apresentar trabalhos, mas também para firmar (inclusive com frevo) a candidatura de Recife como cidade sede do próximo Congresso, em 2011.


Outra importante participação brasileira foi a palestra de Benedito Braga, Diretor da ANA, que, na 2ª feira, falou sobre os 10 anos da Lei 9.433, a lei nacional de recursos hídricos.

Bom, tem também dois pesquisadores da UFES, aí do estado do Espírito Santo, Alberto Pêgo e Luiz Claudio Ribeiro, que estão apresentando um interessante trabalho mostrando a quase ausência de citação das mudanças climáticas nos dois principais documentos sobre água do Brasil, a própria Lei 9.443 e o Plano Nacional de Recursos Hídricos.

A lei é de 1997 e o Plano é de 2006. São, portanto, posteriores aos alertas emitidos pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), grupo formado em 1988 sob a Coordenação das Nações Unidas e que começou a publicar seus relatórios em 1991, quando a 9.433 tinha apenas chegado ao Congresso Nacional, para seus 6 anos de tramitação antes de ser promulgada.

O fato é que as mudanças climáticas não foram citadas na lei. Nosso trabalho analisa se esta omissão incapacita a lei a prevenir e combater os efeitos das mudanças climáticas no Brasil.

Mas isso é assunto prá amanhã.

Deixo pra amanhã também o aperto passado com uma ameaça de bomba em pleno Aeroporto Charles de Gaule. Veja as fotos na nossa próxima edição.

Au revoir Brasil!

Um comentário:

Beleza Rara e Pura disse...

Oi Beto
ótimas notícias. Espero que esteja tudo bem. Pode contar comigo aqui e com a Priscila. Estamos trabalhando em equipe para continuar com a missão do Instituto e organizando o mesmo.
Grande abraço

Nancy